Questionamentos
Todos esses anos tenho pensado nas coisas que eu tenho conquistado. Às vezes parece que não conquistei nada. Apesar de ter tido toda a coragem do mundo para deixar o que eu tinha para trás. Mudar de país não é fácil: aprender tudo de novo, sentir uma saudade que não passa, ficar dividida entre dois mundos e sentir que aos poucos esquecemos nossa língua, nossa identidade, nossa cultura, fundamentalmente quem somos...
Na verdade tudo isso é devaneio, pois aonde quer que estejamos, seremos sempre esse amontoado de coisas que nos perturbam à noite e nos fazem perder o sono. Pensei muitas vezes em voltar e começar tudo do zero, mas essa realidade seria ainda mais difícil, pelo menos na minha cabeça. Depois de ter passado um tempo no Brasil durante a pandemia, comecei a ver novamente todas as coisas que me fizeram com que eu levantasse voo e partisse. Querendo ou não, aqui eu sou idependente e livre para ser quem eu sou.
E quem sou? Apenas um ser confuso como todas as pessoas, que está buscando encontrar seu lugar no mundo e se encontrar no processo. Tenho me conhecido melhor, sei as coisas que já não quero deixar entrar na minha vida, quero seguir caminhando e descobrindo.
O que eu descobri até agora é que somos todos a mesma coisa, mas com interesses diferentes, mas os problemas de relacionamento, com a família e amigos são sempre os mesmos, apenas falados em línguas diferentes. Estamos nos perdendo quando apenas observamos as diferenças que temos, que foi exarcebada com as diferentes crenças do que é certo e errado, as religiões têm grande influência nesse processo, elas nas mãos das pessoas erradas criaram grandes desastres e se disvirtuou de todos os seus ensinamentos de amor e respeito, deixando somente aqueles que demonizam o diferente.
Acho que agora as pessoas estão deixando de seguir esses falsos profetas, mas isso somente será possível quando as pessoas forem ensinadas a pensar e a questionar a nossa sociedade. Com a educação sendo sucateada em quase todos os lugares do mundo, talvez vejamos uma regressão aos valores da Idade Média, uma nova Idade das Trevas que, assim como tudo na espiral da vida, será pior do que a passada. Até a sociedade em que vivemos aprender a quebrar esses ciclos de 200, 500 anos de evolução e desevolução do pensamento, continuaremos vendo os mesmos episódios de altos e baixos da humanidade.
E sinceramente, sinto minha alma cansada desse processo. Parece que somente poucas pessoas conseguem ver o que está acontecendo. O objetivo de todos os livros escritos pela humanidade é evitar que os períodos horríveis da história se repitam. O conhecimento nos foi dado para que possamos nos salvar da nossa extinção. Enquanto continnuarmos cedendo aos desejos da ganância e do poder passando por cima de todos, uma mudança não poderá ser efetiva e um desttino como o de Mad Max ou de qualquer outra ficção científica apocalíptica estará cada vez mais perto.
Sinto que estamos sendo cultivados como o gado, já que do que adianta todo esse poder se não houver alguém para invejá-lo? Todas essas coisas supérfluas somente tem valor quando se temos alguém para presumí-las, para mostrá-las.
A filosofia dos povos indígenas é a correta: somos um só com a natureza. Estamos fazendo mal ao nosso próprio planeta, mas como tudo o que importa é só o capitalismo, irreal e fictício, que hoje nos separa e somente alimenta as ganâncias dos poderosos. Não há um interesse no bem comum nos sistemas políticos, a dualidade que existe dentro da política só serve para alimentar a nossa ilusão de dias melhores, depois das eleições somos oferecidos o circo ao invés do pão e poucos conseguem ver. Perdemos tempo discutindo coisas que não levam a nenhuma solução. Algumas coisas nos são dadas para diminuir a nossa revolta interior. Já chegamos no pico da nossa evolução, agora não seria o momento de dar uma melhor qualidade de vida a todos, para podermos finalmente aproveitar o trabalho feito por todos os nossos ancestrais?
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