A perda

 Faz um bom tempo que não venho escrever aqui no blog. Muitos anos se passaram e aqui deveria ser um espaço onde eu viria desabafar, mas... a vida é cheia de reviravoltas e coisas acontetem. Quando a gente fica mais velho o tempo parece que escapa pelas nossas mãos. Eu sinto que foi assim comigo. 

Eu olho pra trás e vejo a menina cheia de ilusões e sonhos que começou esse blog. Agora eu vejo essa menina mais velha, já sem ilusões com a vida. Tenho sido mãe solteira todos esses anos, depois do divórcio posso sentir que já não vi a vida da mesma maneira. E com o passar do tempo, minhas ilusões de menina apaixonada e cheia de esperança foram caindo ainda mais por terra.

Quando estamos muito tempo fora das nossas raízes, sentimos muitas saudades de casa e do conforto que o conhecido nos dá. Mas com o tempo, o desconhecido se torna conhecido também e nos acostumamos novamente com o lugar em que estamos e nos apropriamos dele. Já não me sinto uma estranha aqui, já faço parte do meu entorno. E quando pensei que tudo estaria bem, que eu poderia seguir, outra ilusão cai por terra.

A gente sempre vai perder, quando saimos de casa, perdemos os acontecimentos que passam com todos, apesar de sempre podermos regressar, nada é como antes. Tenho passado esses anos com esse grande conflito interno: ir ou ficar. Ainda mais, depois que meu pai foi diagnósticado com uma doença degenerativa. Esse conflito se tornou maior ainda. E eu fui vivendo nele. Me iludindo nele. Tenho tempo. E eu não tinha. O tempo é relativo, e passou rápido.

Mês passado eu perdi meu pai. Peça fundamental da minha vida, muito novo, muito rápido, apesar do diagnóstico inevitável. Tive que tomar a decisão de seguir vivendo. Tenho uma responsabilidade com a minha filha, não podia simplesmente largar tudo e ir, porque a vida sempre continua nas novas sementes, mesmo assim, dói e dói para um caralho! Sim todo mundo sempre dizia isso, agora eu sou uma a mais no meio desse todo mundo.

Acho que esse é o conselho pra quando decidimos partir: temos que está preparados para esse momento de perda inevitável daqueles que amamos. A gente perde sempre aqueles que pensamos que vão ficar pra sempre, que bom que eu pude ao menos demonstrar meu amor, mas a gente sempre quer mais. Eu queria ter estado lá e segurado a mão dele até o fim.

Agora já não temo a morte, tenho pessoas muito boas me esperando do lado de lá para quando eu termine a minha viagem. E essa saudade só vai aumentar até lá.

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