quinta-feira, 27 de abril de 2023

Questionamentos

 Todos esses anos tenho pensado nas coisas que eu tenho conquistado. Às vezes parece que não conquistei nada. Apesar de ter tido toda a coragem do mundo para deixar o que eu tinha para trás. Mudar de país não é fácil: aprender tudo de novo, sentir uma saudade que não passa, ficar dividida entre dois mundos e sentir que aos poucos esquecemos nossa língua, nossa identidade, nossa cultura, fundamentalmente quem somos...

Na verdade tudo isso é devaneio, pois aonde quer que estejamos, seremos sempre esse amontoado de coisas que nos perturbam à noite e nos fazem perder o sono. Pensei muitas vezes em voltar e começar tudo do zero, mas essa realidade seria ainda mais difícil, pelo menos na minha cabeça. Depois de ter passado um tempo no Brasil durante a pandemia, comecei a ver novamente todas as coisas que me fizeram com que eu levantasse voo e partisse. Querendo ou não, aqui eu sou idependente e livre para ser quem eu sou.

E quem sou? Apenas um ser confuso como todas as pessoas, que está buscando encontrar seu lugar no mundo e se encontrar no processo. Tenho me conhecido melhor, sei as coisas que já não quero deixar entrar na minha vida, quero seguir caminhando e descobrindo.

O que eu descobri até agora é que somos todos a mesma coisa, mas com interesses diferentes, mas os problemas de relacionamento, com a família e amigos são sempre os mesmos, apenas falados em línguas diferentes. Estamos nos perdendo quando apenas observamos as diferenças que temos, que foi exarcebada com as diferentes crenças do que é certo e errado, as religiões têm grande influência nesse processo, elas nas mãos das pessoas erradas criaram grandes desastres e se disvirtuou de todos os seus ensinamentos de amor e respeito, deixando somente aqueles que demonizam o diferente.

Acho que agora as pessoas estão deixando de seguir esses falsos profetas, mas isso somente será possível quando as pessoas forem ensinadas a pensar e a questionar a nossa sociedade. Com a educação sendo sucateada em quase todos os lugares do mundo, talvez vejamos uma regressão aos valores da Idade Média, uma nova Idade das Trevas que, assim como tudo na espiral da vida, será pior do que a passada. Até a sociedade em que vivemos aprender a quebrar esses ciclos de 200, 500 anos de evolução e desevolução do pensamento, continuaremos vendo os mesmos episódios de altos e baixos da humanidade.

E sinceramente, sinto minha alma cansada desse processo. Parece que somente poucas pessoas conseguem ver o que está acontecendo. O objetivo de todos os livros escritos pela humanidade é evitar que os períodos horríveis da história se repitam. O conhecimento nos foi dado para que possamos nos salvar da nossa extinção. Enquanto continnuarmos cedendo aos desejos da ganância e do poder passando por cima de todos, uma mudança não poderá ser efetiva e um desttino como o de Mad Max ou de qualquer outra ficção científica apocalíptica estará cada vez mais perto.

Sinto que estamos sendo cultivados como o gado, já que do que adianta todo esse poder se não houver alguém para invejá-lo? Todas essas coisas supérfluas somente tem valor quando se temos alguém para presumí-las, para mostrá-las. 

A filosofia dos povos indígenas é a correta: somos um só com a natureza. Estamos fazendo mal ao nosso próprio planeta, mas como tudo o que importa é só o capitalismo, irreal e fictício, que hoje nos separa e somente alimenta as ganâncias dos poderosos. Não há um interesse no bem comum nos sistemas políticos, a dualidade que existe dentro da política só serve para alimentar a nossa ilusão de dias melhores, depois das eleições somos oferecidos o circo ao invés do pão e poucos conseguem ver. Perdemos tempo discutindo coisas que não levam a nenhuma solução. Algumas coisas nos são dadas para diminuir a nossa revolta interior. Já chegamos no pico da nossa evolução, agora não seria o momento de dar uma melhor qualidade de vida a todos, para podermos finalmente aproveitar o trabalho feito por todos os nossos ancestrais?

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Quanto mais eu penso

 Quanto mais eu penso sobre a vida e tudo que estamos passando, todas essas tragédias, aqui, no Brasil e no mundo, que poderiam ser evitadas, que poderiam não existir, são partes do nosso sistema. O sistema necessita desse caos,  necessita de manter esse sentimento de pânico para que as pessoas possam ser controladas, aceitem o controle. Isso já foi confirmado por um livro que fala de manipulação das massas, que agora eu esqueci o nome, que faz parte do sistema nazista de ser e que, a princípio, parece inofensivo e depois se transforma em um monstro.

A nossa sociedade está sempre criando essa situação de desespero nas pessoas, seja pela pobreza ou pela violência. Hoje em dia temos mais acesso a informação e está cada vez mais difícil de manter o controle que querem exercer sobre nós através do falso conceito de liberdade.

A verdadeira liberdade para mim é poder estar em contato com o que é real. A natureza é real, a terra é real, plantar o nosso próprio alimento, colher da nossa própria horta. Tudo o que foi perdido quando a gente passou a viver em cidades e a terceirizar esse aspecto real da vida para companhias, grandes latifundios agrários que nos fornecessem esses serviços e receber no conforto de nossas casas. 

Fomos convencidos que produzir nossa própria comida é muito trabalhoso e que podemos fazer muito mais com nossas vidas, quando não temos que nos preocupar com o nosso próprio alimento. Vejam como estamos agora, escravos de um sistema, qua nos dita quantas horas temos que trabalhar e o quanto vamos receber para assim podermos pagar por esse produto que é nossa fonte de vida! Pagamos até pela água que é mais necessária ainda para nossa existência!

O conforto das cidades está nos custando caro demais. Eu reconheço que é trabalhoso e às vezes chato viver em um campo sem "nada para fazer", quando pensamos que isso não é importante, esse sentimento cresce ainda mais. Aprendemos a duvidar do que era mais certo, para viver uma vida de "conforto" nas cidades. 

Eu cresci numa cidade do interior, e vi que os dois sistemas podem ser vividos, podemos ter o campo e o conforto. O que me faltava nada verdade, era a arte e a cultura, as atividades sociais e o conhecimento. Existia em mim naquele tempo um grande sentimento de que eu era inferior, quando na verdade, o que me faltava era o conhecimento, as atividades culturais: cinema, teatro, pintura. Ter representatividade nas coisas transmitidas pela TV. E esse sentimento de inferioridade até hoje não pude entender de onde vinha. 

Eu sentia que estava presa, quando estava livre. O jeito das pessoas se encrustrava em mim e as coisas que eu queria pareciam impossíveis! Acho que existe muita gente que se sente assim  hoje em dia, mas tenho visto nas gerações mais novas a capacidade de não absorver tanto essa energia, já que existem mais possibilidades e que existe mais acesso ao conhecimento. E isso é uma ameaça a esse sistema que precisa de cada vez mais pessoas desesperadas. Por isso tantas leis já estabelecidas estão sendo regredidas e parece que o mundo está voltando para idade da pedra.

Os Políticos de todos países estão tendo as mesmas reações e estamos nos tornando países iguais aos países árabes que são tão condenados. Defender os um estado laico onde as convicções pessoais não podem ser usadas para a criação das leis, é única maneira de evitar que voltemos a ser bárbaros. A intolerância nos leva a barbárie, nos leva ao tempo da escravidão, nos leva ao nazismo. É triste ver que o que pensávamos que havia ficado no passado ainda persiste. É da nossa natureza e deve ser trabalhado para que não destrua tudo aquilo de bom que ainda existe, pois existem coisas boas!

Temos apenas que encontrar uma forma de viver em equilíbrio, natureza e civilização humana, homens e mulheres, se quisermos continuar existindo. Nossa sobrevivência depende desse equilíbrio. A raiva e o ódio que eu sinto por tudo o que estamos vivendo, às vezes quer me consumir, mas eu me permito senti-la e deixá-la ir, é um sentimento muito bélico e forte que tem que ser direcionado. Eu sei que eu não posso mudar o que está imposto, eu sei que eu sou um grão, mas o que eu posso fazer é compartilhar o que sinto. Quem sabe isso possa ajudar ainda mais na mudança que tem que acontecer, que eu sei que não será do dia para noite e sim para muitas gerações que estão por vir. Mas se nada for dito, como poderemos mudar?

Temos que parar e refletir sobre o que é real nas nossas vidas. Todo esse sentimento causado pelo modo de como vivemos é muito intenso e tudo que a gente quer é viver anestesiado, da mesma forma que os mendigos na rua fazem quando usam drogas, nós usamos as séries, os stories do celular, os vinhos, as cervejas ou o sexo tudo para esquecer e não sentir o temos dentro do peito. Alguns dias são mais difíceis que o outro, usemos nossa arte para expressar essa dor que sentimos pela perda de conexão com o que realmente importa, quem sabe ajuda a amenizar esse peso.

Boa sorte a todos.

  Sometimes I feel that I am just a freckle of snowflake melting under the sun Someone with no time or space Just there Waiting to exi...