Hoje é apenas quarta-feira. Eu despertei, tomei
meu café e cheguei ao trabalho. Estou tentando fazer da minha vida algum
sentido, com as notícias de pessoas do meu que vieram me fazer para aquele
tempo da minha vida. E, como sempre, me fazendo repensar nas minhas atitudes
quando era mais jovem. É difícil me lembrar de como eu me sentia na época, apenas
posso concluir que tudo era muito intenso. Ainda mais pela minha codependência excessiva
com meus parceiros afetivos. Difícil não ser. Apenas queria ser amada, ser
vista e ouvida como eu sou. Acho que isso não mudou muito, com o passar dos
anos percebi que não vale muito a penas esperar a validação dos outros. Sempre escrevi
meus poemas e nunca me considerei escritora, por pensar que só aqueles que publicavam
é que eram inteligentes o suficiente para conseguir escrever um livro. Sempre fui
muito criativa, sempre enxerguei as coisas em comum que eu possuo com outros
artistas, a única diferença: nunca recebi apoio para desenvolver as ideias que
eu tenho.
Sempre fui considerada a estranha da família,
por enxergar o mundo com uma verdade mais profunda, uma verdade que as pessoas
não querem ver. As coisas que vivi me fizeram internalizar que eu tenho que ir
e continuar enfrentando meus medos, existem pessoas mais medíocres e, egóicas,
fazendo o que eu gostaria de fazer e sendo respeitadas por isso, quando o trabalho
que põem em algo, é graças as conexões e sorte, pessoas que apoiam o que essa
pessoa faz. Queria ser reconhecida e motivada por pessoas da minha família, mas
essas pessoas não entendem e nunca entenderiam, pois conhecem o mundo apenas de
acordo com a realidade em que viveram. Para elas, a arte, a expressão, não importantes,
pois o que é mais importante é ter comida na mesa. Não possuem uma mente
questionadora, como os artistas e filósofos possuem, essa mente que busca um
sentido para tudo, que estuda tudo, que sente demais e quer, de certa maneira florescer
e, com ela, que a humanidade também floresça e consiga ser o mais harmônica possível.
Claro, que tudo isso se torna uma utopia. Um sonho
de pessoas que são loucas. Mas tudo o que construímos nesse mundo surge de uma “ideia
louca”, que transforma nossas vidas para melhor, para que possamos continuar
nos desenvolvendo no decorrer dos anos. Ao mesmo tempo que também conseguimos
ver que chega um momento, que tanto crescimento, somente pode gerar uma
entropia. Na minha investigação pela vida, pelos conhecimentos adquiridos de
tantas histórias e memórias, consegui chegar a minha teoria própria: o verdadeiro
“desenvolvimento” somente é possível com a harmonia entre sociedade e o meio
ambiente aonde ela está inserida. Uma prova que isso é possível, está bem claro
e exemplificado, nas civilizações nativas. Que conseguiram manter por séculos
esse modelo, até que a necessidade de nos tornarmos práticos e preguiçosos, nos
fez criar tecnologias que só aumentam o consumo desenfreado. Trabalhamos mais e
temos menos tempo para viver em comunidade. Os conflitos nos afastam e é bem mais
difícil termos conversas de diferentes opiniões. Não queremos mais enfrentar o
desconforto. Tudo nos separa.
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